Mais um caso de censura no Facebook. Desta vez, a empresa de Mark Zuckerberg censurou uma instituição do Estado brasileiro. Não há limites para o poder dessa rede social privada, que vem dragando boa parte do encanto da internet.
A foto censurada é esta que republico aqui. Dentro em breve ela provavelmente estará novamente fora do ar, em função dos mecanismos de segurança do tão querido Face, que tratado assim no diminutivo é usado por todos nós. Por isso a deixo aqui, em meu blog, que é uma forma de dizer que neste espaço mando eu.
É uma foto de nudez? Sim, uma nudez. Os peitos nus de dois indígenas brasileiros. A nudez que é expressão de uma identidade, protegida por tratados internacionais, entre os quais a Convenção da Diversidade Cultural da Unesco. A foto de uma cultura que não se veste. Ou se veste parcialmente. Mas que não se submete às vestes do colonizador. Porque aqui, como diz Viveiros de Castro, todo mundo é índio exceto quem não é! E índio vive livre em sua expressão.
Mas quando sua imagem é submetida às regras puritanas do shopping virtual, é impedida de circular, de se fazer ver, de se afirmar.
Ontem, essa foto que compõem o acervo da instituição de guarda dos livros brasileiros, que chegou ao Brasil com a Família Real portuguesa, quando estas terras se tornaram um imenso império, foi censurada.
E nada disso importa para o Facebook. Mas deveria nos preocupar, e gerar, no mínimo, um debate sobre quem está no comando da comunicação. O Ministério da Cultura começa bem ao se dispor a processar o Facebook. Esse é um debate essencial da cultura digital. Quem, afinal, define o que ver, como ver, quem manda afinal na circulação da informação?
A quem interessar possa 1: essa é uma foto histórica de um casal de Índios Botocudos que está no Portal Brasiliana Fotográfica, site lançado nesta sexta-feira (17/4), resultado de uma parceria entre a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), órgão vinculado ao MinC, e o Instituto Moreira Salles (IMS) e que contará com mais de 2 mil imagens históricas dos séculos XIX e XX.
A quem interessar possa 2: é por isso que somos contra o acordo feito pela presidenta Dilma com o Facebook. Ele enterra tudo aquilo que nós batalhamos nesses anos, desde Gil, por uma cultura digital livre.
Meu nome é Vinicius Savazoni